
Hemoparasitoses Caninas: Como Proteger Cães das Doenças Transmitidas por Carrapatos
Veterinário Alerta: Erliquiose, Babesiose e Anaplasmose Ameaçam Pets em Áreas Urbanas e Rurais do Brasi
Marcelo Müller
6/13/20254 min read

Silenciosos, resistentes e potencialmente fatais, os carrapatos representam uma ameaça crescente à saúde dos cães brasileiros. Mais do que um incômodo, estes ectoparasitos transmitem doenças graves como erliquiose, babesiose e anaplasmose — enfermidades conhecidas cientificamente como hemoparasitoses e popularmente chamadas de "doenças do carrapato".
Há um crescente aumento das doenças transmitidas por carrapatos para os cães em áreas urbanas e rurais no Brasil, e as hemoparasitoses são doenças que acometem os cães com bastante frequência, devido a exposição a ectoparasitos como carrapatos, que são vetores de diversos agentes, como Babesia spp., Erlichia spp. e Anaplasma spp.
"A doença do carrapato é um dos quadros clínicos mais comuns e perigosos nos cães brasileiros. E o mais alarmante: ela é amplamente evitável", alerta o médico-veterinário Dr. Marcelo Müller, mestre em Pesquisa Clínica e com atuação especializada em atendimento domiciliar e bem-estar animal.
O Inimigo Microscópico Está Mais Próximo do Que Se Imagina
As hemoparasitoses não dependem de infestação visível por carrapatos. Uma única picada do ectoparasito infectado pode transmitir agentes patogênicos que atacam o sangue, sistema imunológico e órgãos internos do animal. A erliquiose é uma afecção transmitida por carrapatos infectados, bastante frequente em clínicas veterinárias de lugares com clima tropical, como o Brasil.
Segundo Dr. Marcelo, muitos tutores acreditam que o problema está apenas em áreas rurais ou ambientes externos. "Mas os carrapatos são extremamente adaptáveis. Encontram abrigo em frestas, tapetes, jardins, camas, e até em ambientes urbanos densamente povoados. O risco, portanto, existe também dentro de casa."
Estudos epidemiológicos recentes revelam que cerca de metade dos cães avaliados apresentam infestação por carrapatos. Desses, mais de 90 % são Rhipicephalus sanguineus, o principal vetor das hemoparasitoses caninas.
Sinais Clínicos: Quando o Organismo Sinaliza Perigo
Os sinais clínicos destas afecções costumam ser inespecíficos, e incluem, febre, apatia, anorexia e alterações hematológicas, como anemia e trombocitopenia, o que pode dificultar o diagnóstico. Os primeiros sintomas são facilmente confundidos com outras enfermidades: apatia, perda de apetite, febre, vômitos e dor articular.
Com a progressão da doença, surgem manifestações mais graves: sangramentos espontâneos, anemia severa, petéquias (manchas roxas na pele), edemas, dificuldade locomotora e, em casos críticos, convulsões e falência orgânica múltipla.
"Quando os tutores me contactam preocupados com um pet que 'não está bem', e realizo o atendimento domiciliar, frequentemente consigo, através da observação clínica e anamnese detalhada, suspeitar de hemoparasitose. Um hemograma completo com pesquisa de hemoparasitas pode confirmar o diagnóstico", explica Dr. Marcelo.
Atendimento Domiciliar: Medicina Veterinária Integrada ao Ambiente do Pet
Uma das principais vantagens do atendimento veterinário domiciliar é a possibilidade de avaliar integralmente o ambiente onde o animal vive, facilitando tanto o diagnóstico quanto a implementação de medidas preventivas eficazes.
"Observar o espaço onde o cão circula, identificar potenciais focos de carrapatos no quintal, em objetos da residência, e orientar medidas específicas de controle ambiental são condutas que fazem diferença significativa no prognóstico. Não é possível proteger adequadamente o pet sem uma análise criteriosa do ambiente", enfatiza o veterinário.
Além disso, o atendimento residencial reduz o estresse do animal, permite avaliações comportamentais mais fidedignas e facilita o monitoramento contínuo da evolução clínica — aspecto crucial no manejo de hemoparasitoses.
Tratamento: Protocolo Rigoroso e Acompanhamento Especializado
Embora existam protocolos terapêuticos eficazes para as hemoparasitoses, o processo pode ser prolongado e exige comprometimento integral do tutor.
"Estamos lidando com infecções que comprometem diretamente o sistema hematopoiético do animal. O tratamento pode estender-se por semanas, às vezes meses, e requer monitoramento laboratorial constante para prevenir recidivas ou complicações secundárias", esclarece o veterinário.
Em alguns casos, mesmo após a resolução clínica, o animal pode apresentar sequelas permanentes ou fragilidade imunológica prolongada, requerendo cuidados especiais ao longo da vida.
Prevenção: A Estratégia Mais Eficaz Contra as Hemoparasitoses
Dr. Marcelo enfatiza que a melhor abordagem para as doenças transmitidas por carrapatos é a prevenção sistemática e integrada.
"A prevenção é tecnicamente simples e economicamente acessível: uso regular de antiparasitários de amplo espectro, higienização adequada do ambiente, e acompanhamento veterinário preventivo. O problema é que muitos tutores só implementam essas medidas depois do primeiro episódio grave."
As medidas preventivas incluem:
Aplicação regular de ectoparasiticidas (coleiras, pipetas ou comprimidos)
Limpeza frequente de ambientes onde o pet circula
Exames laboratoriais periódicos de rotina
Inspeção visual regular da pelagem do animal
Controle ambiental de áreas externas (quintais e jardins)
Medicina Veterinária Domiciliar: Revolução no Cuidado Preventivo
As hemoparasitoses representam um desafio significativo para a medicina veterinária contemporânea, mas podem ser efetivamente controladas através de educação, informação científica e prevenção sistemática. O atendimento domiciliar emerge como ferramenta essencial nesse processo de proteção integral.
"Proteger os animais dessa ameaça silenciosa começa no ambiente doméstico — no quintal, no sofá, no local onde o pet dorme. E passa pelo olhar tecnicamente qualificado de quem cuida. O veterinário que adentra o lar da família tem oportunidade única de fazer muito mais do que tratar: pode orientar, prevenir e preservar tanto a saúde física quanto o bem-estar emocional do pet", conclui Dr. Marcelo Müller.
Sobre as Hemoparasitoses Caninas: Os aspectos clínicos e laboratoriais destas doenças são muito semelhantes entre si e com outras enfermidades de origem não-infecciosa. Casos de coinfecção são comuns, e muitas vezes, podem agravar o quadro geral de saúde do animal. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para o prognóstico favorável.
Para mais informações sobre prevenção e tratamento de hemoparasitoses em cães, consulte sempre um médico-veterinário qualificado.